Semana passada, tive a oportunidade de fazer parte de um treinamento para um programa acadêmico sensacional em Wallingford, cidade próxima à Filadélfia, na Pensilvânia. Trata-se do Programa de Intercâmbio Inside-Out, desenvolvido pela Temple University.
O programa consiste em disciplinas comuns do cenário acadêmico de universidades, porém ministradas em estabelecimentos penais, sendo que o corpo discente composto por uma metade de alunos livres e a outra metade de alunos encarcerados. Isso mesmo! Aulas dentro de penitenciárias e/ou cadeias públicas, com alunos de faculdades junto com presos.
Tenho de dizer que foi uma experiência memorável, uma vez que não se trata de ativismo (para chamar a atenção da sociedade para problemas obscuros), nem de pesquisa (fazendo dos detentos ratos de laboratório), nem de caridade (em que pessoas tentam “ajudar” quem está preso “injustamente”), nem de terrorismo (com o objetivo de mostrar aos alunos o “preço do crime”). Ao contrário, são pessoas que se juntam para discutir assuntos de interesse comum, em ambiente acadêmico. Muito se surpreende aquele que presume que pessoas presas não tem nada a acrescentar porque “não sabem de nada”.
O treinamento, o terceiro deste verão de 2011, foi composto basicamente de professores universitários de diversas partes dos Estados Unidos. O objetivo era aprender a ensinar dentro de um estabelecimento penal.
Devo admitir que foi fascinante ver o conhecimento das pessoas que conheci dentro de Graterford, penitenciária de segurança máxima da Pensilvânia. Entre os detentos, muitos condenados a prisão perpétua.
O plano agora é verificar a possibilidade de implementar um programa como este, absolutamente revolucionário, no sistema penitenciário brasileiro. Talvez demore um bocado, mas vale a pena o esforço.
Assista ao vídeo-documentário sobre o programa, clicando aqui.