A “cara” do Brasil pelo mundo

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A edição da The Economist desta semana (11 de junho de 2011) traz na sua seção The Americas a matéria “Murder in Brazil – Always with us” (Homicídios no Brasil – Sempre entre nós), dizendo que a violência continua, mas em lugares diferentes.

O texto traz como foco a cidade de Maceió, capital de Alagoas, e inicia pontuando que a miséria e a extrema desigualdade social no local seria surpreendente até mesmo para os parâmetros nordestinos. Mas essa não seria a característica mais marcante, mas a sua taxa de homicídios, que é de 107 a cada 100 mil habitantes, o que faz de Maceió a capital mais violenta do país. Alagoas, por sua vez, seria o estado mais violento, com a média de 60 homicídios a cada 100 mil habitantes, à frente do Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.

 

 

É interessante como o autor contrasta o fato de haver sol o ano inteiro, praias maravilhosas e barreiras de corais, formando um cenário de um ponto turístico perfeito, com a política de solução de problemas à base de violência, além de os mais abastados escaparem da punição contratando matadores de aluguel.

Afirma, ainda, que o desenvolvimento local, sobretudo o turístico, está tão em risco que faz com que as autoridades tentem a todo custo convencer as pessoas de que alagoanos só matam seus próprios conterrâneos (e não pessoas de fora), e somente em favelas (nunca em lugares belos e paradisíacos). Além disso, as vítimas seriam sempre caracterizadas como desempregados, analfabetos, jovens viciados em drogas, enfim, nunca o perfil do turista comum.

Pela análise feita pelo Instituto Sangari, citado pela revista, a taxa média de homicídios no Brasil manteve-se praticamente a mesma durante a última década. Os números de São Paulo e Rio de Janeiro em 1998, por exemplo, eram acima dessa média, ao passo que Alagoas mantinha-se abaixo da média. Mas o que mostram os estudos é que a geografia dos homicídios é que mudou. Devido à aplicação de melhor policiamento movido crescimento econômico, em São Paulo, a taxa de homicídios caiu dois terços e, no Rio de Janeiro, dois quintos. Já em Alagoas, onde (segundo a matéria) o governo carrega dívidas, a polícia é fraca, corrupta e frequentemente em greve, essa mesma taxa triplicou.

Para tentar amenizar a situação de Alagoas, diz que o Banco Mundial, que fez um empréstimo de 195 milhões de dólares em 2009 para tentar estabilizar as suas finanças e melhorar a sua administração, confirmou o alcance de tais objetivos. E que o plano agora é erradicar a miséria, sendo que o governador reeleito Teotônio Vilela Filho comprou novas viaturas para a polícia, novos armamentos e decidiu acabar com a política de indicações aos cargos de confiança, conforme conexões políticas.

E, para finalizar, a matéria diz que a melhor esperança para o estado de Alagoas para reduzir as taxas de homicídio é, na realidade, fazer com que as taxas de outros estados cresçam. Segundo a matéria, a ideia seria dividir Pará em três estados menores e, mais uma vez, o mapa da violência mudaria, sendo que Marabá (a nova capital de Pará do Sul) herdaria o título de capital do homicídio, livrando Maceió de tal vergonha.

É, Brasil… É necessário urgentemente mudar as políticas públicas, relacionadas à educação, à segurança pública, de modo a mudar essa imagem negativa pelo mundo afora… não é tarefa fácil, mas é preciso agir!!!

 

 

Post escrito na vigência da Bolsa de Estágio de Doutorado – Balcão concedido pela CAPES, desenvolvido na Pennsylvania State University, em State College, PA, Estados Unidos.

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